"Comentários bastante incisivos."
Foi assim que o meu professor de Sociologia da Educação rotulou as minhas participações orais.
Na altura fiquei um tanto ou quanto na dúvida, isto é, não sabia como encarar a coisa. Incisivo...ok...eu lembrava-me que "os incisivos" eram aqueles dentes que usamos para rasgar a comida, mas até que ponto é que esta associação de ideias seria positiva? A custo, peguei no dicionário e fui ver o que significava´, para saber como me defender de tal afronta, ou pelo menos assim pensava eu.
Resumindo e baralhando, o que o Sôdotor queria dizer de maneira pomposa é que eu era uma gaja do contra,dura de roer e tagarela. Fiquei danada. Digamos que eu não partilhava da opinião dele...
Bom, de qualquer das maneiras, aquilo ficou-me. De tal forma que comecei a ficar mais sossegada e deixei de expor a s minhas opiniões. E ja agora, diga-se de passagem, a cadeira era bastante propensa à discussão...(mordi-me toda!)
Nessa altura, o Esk e eu conhecemos uma rapariga que, digamos assim, não devia muito à inteligência. Para não variar, eu tive uma certa dificuldade em abstrair-me disso. Quer dizer, fazia-me fernicoques tanta burrice junta!Para ajudar à festa a rapariguita era namorada de um amigo bastante próximo...
Eu bem que tentava não dizer nada, ignorar as parvoeiras que ela debitava por segundo...até que um dia me saltou a mola e tive mesmo de dizer que não tinha pachorra para aturar alguém tão terrivelmente estúpido.
Tal como esperava, eu é que fiquei nos cornos do touro:"Não sejas assim!Tadinha dela. Ela é assim, ingénua."
INGÉNUA???Spare me...não confundamos burgessice com ingenuidade!
E perguntam vocês:"Que mosca é que lhe mordeu para nos estar a contar a história da vidinha dela?"
Eu respondo: Se me voltam a dizer que a Florbela da Azinhaga ("tadinha") é ingénua e que("tadinha") tenho de me habituar à maneira de ser dela, eu mostro-lhes quão incisiva é que posso ser. E não estou a falar metaforicamente.
ps: Como eu gosto do savoir-faire dos americanos...
