Já várias vezes mencionei que aos poucos está a operar-se em mim uma metamorfose em dona-de-casa exemplar. Há coisas que nos ficam da nossa infância, a mim ficou-me o abanar de cabeça desesperado da minha mãe e da minha avó, de cada vez que eu tentava fazer qualquer coisa na cozinha ou na costura. Costura continua a ser uma coisa que abomino, bordados e não sei quê nunca dominei, apesar de ter levado as férias de Verão da 4ª classe a fazer crochet. Sempre considerei estas coisas pouco apetecíveis, o que eu gostava mesmo era de andar de volta dos cães, dos gatos, das galinhas, dos pombos...A cozinha também não era o meu forte, principalmente por querer começar por coisas difíceis. A minha primeira receita foram crepes de chocolate. Os crepes pareciam costeletas do cachaço e o molho estava amarguíssimo. Lembro-me de ter posto os crepes no frigorífico para dar ao meu pai de sobremesa e daquela porcaria ter escorrido até aos legumes e ter havido chocolate um poucopor todo o lado. Como na altura a psicologia era pouca, a minha mãe deu-me um ralhete, a minha avó riu-se, o meu irmão gozou-me e só o meu pai (bastante parecido comigo na megalomania) provou e abanou a cabeça em aprovação, enquanto mastigava e mastigava a ganhar coragem para engolir aquela bodega. O meu pai é o maior e tem um estômago que sim senhores.
Mas isto tudo porquê? Ora por que eu acho que finalmente estou a começar a cozinhar como a minha mãe e já não faço só massas e bifes. Já me aventuro a cozinhar aqueles pratos que só a mãe é que faz bem. E mais! Este fim-de-semana lavei umas 5 máquinas de roupa e só faltava ir para a rua cantar the hills are alive with the sound of music. Mais um bocadinho e começo a bordar...SAVE ME FROM MYSELF!