domingo, 14 de fevereiro de 2010

Carnaval

Ora, o Carnaval era daquelas coisas que eu adorava em criança, a par do Natal. Nunca me mascarei de coisas normais, nem com coisas parvas. A senhora minha mãe entendia que os fatos deviam ser de boa qualidade e palhaça ou fada, nem pensar. Os meus disfarces foram sempre elaboradíssimos, caros e, por essa razão, não tinha direito a um fato todos os anos. Tive 2 desde os 5 até aos 10. Seja como for, o meu ensejo nunca se prendia com a roupa mas com a bela da maquilhagem e do sinal! A minha mãe pintava-me com a maquilhagem dela e eu deliciava-me com o cheiro da base, do blush, do baton. Acordava com as galinhas e esperava, aparentando a calma que conseguia reunir, pela bolsa castanha de feltro com arabescos, cujo fecho já tinha entregue a alma ao criador. E aí era a loucura: sombra azul, boca encarnadíssima, rosetas a parecer que tinha enfiado a cara no forno...tudo era permitido, até o sinal feito com eyeliner, à la Cindy Crawford, suponho. Enfim, eu divertia-me à brava no Carnaval, mesmo quando o meu irmão me fazia esperas na esquina e me enfiava um punhado de farinha na cara, situação que me levava aos píncaros da raiva e da humilhação.
Agora há fatos nas lojas dos chineses, e cada puto tem 3 por ano. São inflamáveis, não se parecem com nada, mas servem o mesmo propósito, pronto. O que achei curioso hoje, foi ver uma miúda de uns 7 anos, cujo disfarce consistia no seguinte: sardas feitas a eyeliner, totós na cabeça e boneca debaixo do braço. Então mas está disfarçada de quê? Da criança que é, mas com sardas pintadas?

1 comentário:

Flávio disse...

Putos com fatos inflamáveis... Candidatos ao lugar de "Tocha Humana" (vidé Marvel)