domingo, 18 de maio de 2008

Filho de peixe sabe nadar

Dizem que, com o passar dos anos, ficamos cada vez mais parecidas com as nossas mães, e olhem que se calhar é verdade. Não há dia que passe que eu não invente uma coisa qualquer cá em casa para arrumar, para limpar, para aventar para o lixo, porque quantos menos vultos maiores claridades. Adiante, que eu também não percebi à primeira.
Depois temos o blog da Teresa. O blog da Teresa faz-me pensar que sou mais velha do que aquilo que realmente consta do meu B.I. (onde por sinal estou loira, meu Deus!) Seja por acompanhar fervorosamente a Eurovisão, seja por saber de cor umas quantas canções do Júlio Iglésias (nem uma réstia de orgulho nisto, mas é assim...), sinto que a minha mãe teve um grande impacto naquilo que sou, e a Teresa faz-me reconhecer isso com maior naturalidade.
Hoje, ela resolveu falar na revista hola, esse ícone da prensa del corazón espanhola, que acompanhou toda a minha infância e adolescência, e que serviu de figurino a bastantes fatos da minha mãe. Era inconsequente e fútil, mas era também um passaporte para um mundo cheio de luxos que nos fazia sonhar.
Quando mudámos de casa, encontrámos caixotes e caixotes de holas, um verdadeiro mausoléu de toda a futilidade da vida social espanhola. Algumas das capas estavam muito bem decoradas por mim com bigodes e dentes podres, mas mesmo assim fartei-me de fazer pouco das unhacas vermelhas, dos fatos azulões com malinhas de verniz abomináveis, enfim, mal sabia eu a volta que isto da moda dá...
No outro dia, ao telefone, dizia eu à minha mãe que tinha comprado um verniz que ela de certeza iria adorar, quando lhe disse que era encarnadão, como ela tanto gostava, atirou-me um: TU?!

5 comentários:

Lisa's mau feitio disse...

Mary, são "gostos" intemporais. Coisas que passam por nós e deixam marcas. A pouca possibilidade de escolha em tempos anteriores a esta estranha modernidade e leque de opções (a todos os níveis) fizeram com que muitos gostassem e apreciassem o mesmo. E mesmo que não apreciassem, conhecia-se e sabia-se de tudo um pouco (dentro do leque de escolhas do pouco).
Estou como tu! E olha que conto... penso que cerca de mais 10 anitos do que tu em cima! Como vês... Uma questão de intemporalidade. Digo eu (?!?!)

Tem uma semanita do best, por favor.
Ao menos TU! (Já estou como a tua mãe!)

Lisa

Mulher do Mar disse...

Lol... pois :)

Formiguinha disse...

Hahahahahaha!

Também me aconteceu o mesmo! Agoroa adore o verniz cor "coração de boi" que toda a minha vida ridicularizei na minha mãe...

Mas acho que, quando passar de moda, vou deixar de ter coragem de usar... enfim...

Agora que ultrapassámos os conflitos de gerações, talvez venham as aproximação de gerações... ou isso ou estamos mesmo velhas!!!

Bêjos

Teresa disse...

Pois é, Mariazinha... os (acho que) 19 anos que temos de diferença fazem com que eu pudesse ter uma filha da tua idade.
E essa aproximação da tua mãe vais notá-la em mais coisas, e cada vez mais.

Lembro-me de ter lido há muitos anos um livro interessantíssimo de Nancy Friday, My Mother, Myself, que te recomendo vivamente.

All women become like their mothers, that's their tragedy.
No man does, that's his.


Do grande Oscar Wilde, claro... ♥

Anónimo disse...

As mães são todas iguais!
O que a minha gostava do "tropece de nuevo en la misma piedra". Cada vez que ouço a música até fico com calafrios...
Felizmente que eu não estou parecido com a minha!!! ;-P
bejos