A nossa Stinky
Desde miúda, desde que me conheço, desde sempre fui a Maria dos gatos e dos cães. Fui criada no meio deles, e habituei-me tanto à sua presença, que chegava ao cúmulo de não perceber como seria uma casa sem animais.
A minha primeira gata chamava-se Chita, era má como as cobras e não tinha pachorra nenhuma para mim, que no auge dos meus 5 anitos, achava que ela tinha de gostar de lavar o cabelo e vestir babygrows como se de um bebé se tratasse. Mordeu-me o nariz e arranhou-me sem piedade ao longo do tempo que durou lá em casa. Infelizmente, vi a Chita ser atropelada logo em frente ao portão de casa e ainda hoje me lembro de tudo. Mal cheguei á escola, no outro dia de manhã, desatei a chorar à frente de todos.
A Chita foi a minha primeira gata, mas hoje não vos quero falar dos gatos, quero falar-vos dos cães. A minha primeira cadela foi a Lassie (estes nomes eram escolhidos pelo meu irmão, porque eu não tinha ainda voto na matéria...), depois apareceu o Sony, depois a Lila, a Tieta, a Violeta, o Lorde e por último o Ayrton. Quando o Ayrton (um labrador lindo e pieguinhas) cresceu, foi-me dado o lembrete que não calçava mais nenhum cão lá em casa, nem que me pintasse de encarnado. Mentira. Faltava aqui um pormenor interessante.
Quando estava a estudar fora, apercebi-me mesmo que me fazia falta ter um animal ao pé de mim, como sempre tinha tido. Vai daí, e porque a vida de estudante é mesmo muito boa (acreditem, vocês que estão a fazer melhorias, ou a estudar para os exames de Setembro...), andava eu a passear com o Eskisito pelas ruas de Portalegre, quando vemos um anúncio no Pingo Doce onde se lia que uma senhora tinha 6 cachorritos para dar. A casa da senhora ficava mesmo ali ao lado. Fiz beicinho, choraminguei, bati o pé, e lá convenci o Eskisito a irmos buscar um.
Estavam todos a comer, sossegadinhos, à excepção de um que andava para lá com o capacho da porta na boca, e a rosnar como se de um cão grande se tratasse. Traz a que se mexe mais, atirei eu, já de braços estendidos para ela. Era minúscula, indefesa, mas com um olhar brincalhão. Como todos os cachorritos, tinha hálito a torradas e café com leite, pelo que ficou baptizada de Stinky.
Evidentemente, não poderia ficar com ela na casa que alugava, pelo que tive de pegar nela na sexta-feira e convencer a minha mãe a ficar com ela lá em casa. Mais uma, Maria *****?, disse-me ela assim que transpus o portão. Pois, mais uma.
Segunda-feira fui-me embora, e já ela tinha conquistado todos lá em casa, até o meu pai que se fingia indiferente se fartava de rir com as tropelias dela.
Passaram uns meses, e ao primeiro cio engravidou do Ayrton. 4 cães mais. ENORMES. Lindos de morrer e que comiam como se não houvesse amanhã. Fui à Rádio Elvas e pedi que dissessem qualquer coisa sobre a ninhada, porque era impensável ficar com mais 4 cães. Aí sim, eu era dada para adopção. Felizmente, apareceu um senhor que quis 2, um branco e um preto, o outro branco ficou para um amigo do meu irmão, e a outra (a Nina) foi para os meus sogros e ainda hoje tem o mesmo olhar da mãe.
Entretanto passaram 10 anos. A Stinky mudou-se para casa do meu irmão, onde aprendeu a ter maneiras e a gostar de tomar banhinho. Manteve a veia maluca que sempre a caracterizou, ou não fosse ela conhecida pelo cognome- a maluca.
Não teve mais filhos, teve uma vida boa e confortável, até que a saúde lhe pregou uma partida e esta semana deixou a família.
8 comentários:
:(
(Sem nada mais que possa dizer!)
Proporcionaste-lhe 10 anos de vida com qualidade e isso é que é importante.
Bjs
Ela é mesmo linda, é a bichanita da foto né?
Lamento muito :(
Pois... por isso é que eu digo que a natureza não é perfeita. Os animais deviam durar exactamente o mesmo tempo que os donos, devendo morrer no mesmo dia, para continuarem a caminhar acompanhados.
beijo d'enxofre
Só tu para me pores uma lagrimazita nos olhos. Adorei este post homenagem. Espero que a Stinky continue a ser feliz onde quer que esteja...
Jokas
Ohh..apareci aqui por acaso e adorei o post.
Tenho uma cadelinha com 10 anos..foi passar umas férias com a minha avó à terra e faz-me uma falta de loucos.
Infelizmente a velhice é para todos..e agora tem artroses e fica resmungona se a incitamos a andar mais depressa para que se mexa. Nem posso pensar quando a perder..
Pois, infelizmente eles não duram para sempre... mas as recordações que nos deixam são eternas!
beijinho.
Estava em brasa para gozar contigo num qualquer post depois de ter "desaparecido"... mas não vai ser neste. Abraços e beijos.
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