A filha da Laurinda

A minha vida é uma animação. Mesmo na parvalheira, acontecem-me coisas do arco da velha.

No outro dia, ao passar ao pé de um estendal, descobri um soutien XXXXL, saquei do telemóvel e e tirei uma foto. Sorte das sortes: aparece uma vizinha e apanha-me em flagrante!Como vês, Hydra, não és apenas tu o azarado...

Mas eu segui o meu caminho com toda a dignidade, a chorar a rir, e a fingir que falava ao telefone. Ah pois, que a mim não me encavam.

De há alguns dias a esta parte, tenho encontrado regularmente uma velhinha muito velhinha. Daquelas que me lembram a minha avó e que me deixam de coração nas mão. Cumprimento-a sempre e ela fica toda contente. Não custa nada e pode fazer alguma diferença para uma pessoa que me parece que não tem muita companhia...

Ontem, ao virar a esquina, vi o vulto da velhinha e, à semelhança do que faço nos outros dias, passei para o outro lado da rua para a cumprimentar. Vou andando, andando, até que me apercebo que é outra velhinha. É no que dá ser pitosga.

Mantive a mesma trajectória, imbuída de um espírito de solidariedade imenso. Chego ao pé da velhinha quando estava mesmo a passar o contentor do lixo. Ela pára e eu também, ao que lhe pergunto se precisava de ajuda para despejar o lixo, uma vez que era um balde enorme cheio de pedras (beats me...).

Ela sorri e diz-me assim:

- Olha quem ela é...

Eu, com cara de parva esboço o sorriso mais angelical que consegui, enquanto despejo o conteúdo do balde.

- Então estás cá?

- Estou, estou...- a ver se não me denunciava.

- E a tua mãe, a Laurinda?

- 'Tá boa, obrigada.

Silêncio estúpido.

- Bom, vou andando. Se não nos virmos tenha um feliz Natal!

Amigos, apresento-vos o meu alter-ego: a mai nova da Laurinda.