Pequenos ditadores
Como não sou mãe e, por consequência, não sou encarregada de educação (E.E.), por vezes falta-me um certo tacto na relação professor-E.E.. É verdade. Tenho dias que fico de tal forma perplexa com as atitudes dos miúdos, que me passam pela cabeça coisas inomináveis...
Já me questionei tantas vezes, já ouvi tantos testemunhos de colegas (muuuito) mais velhas, já dei cabo da cabeça, a pensar naquilo que é preciso dizer a um E.E. para o levar a tomar uma atitude que modifique-efectivamente- o comportamento do filho...
No outro dia, o J.M. fez uma birra tamanha e não lia o que estava no quadro, fiquei mais um quarto de hora na sala com ele e ele teimou em não me responder. Quando saí, fui ter com a mãe que ficou com um ar pseudo-preocupado mas impassível. Mesmo perante a mãe, o miúdo teimou em não falar. Tive de ser eu a obrigá-lo a olhar para a mãe e a responder ao que esta lhe perguntava! Por favor, eu não sou a mãe dele!
As questões que vos coloco-pais, mães, cidadãos no geral- e que espero que me respondam através dos vossos comments, é simples: Qual é para si (desculpem lá a formalidade) o papel da escola na sociedade, e, por conseguinte, do professor? Põe em causa a palavra de um professor, quando esta é confrontada pela "versão" do seu filho? Qual seria o "recado" que o poderia fazer tomar uma atitude drástica?
Fico à espera.
14 comentários:
Pertinente...
Eu também gostava de saber a resposta e vou ficar a espera. Porque é um problema NOSSO e não de partes. Que deve ser resolvido por um conjunto e não por partes.
Eu entendo que os filhos são dos E.E. que são o melhor que eles tem mas que que tipo de cidadãos vão sair, se em vez de resolver situaçãoes os pais vão, por vezes, mostrar que os filhos não são aquilo (ou como quem diz discutir com os professores), em vez de tentar resolver e tentar fazer um esforço para o que será melhor para os alunos (e para o futuro destes)?
beijinhos
Adoraria responder, mas não preencho os requisitos mínimos.
Ficará para a próxima!
Bjokas
Eu até poderia responder, já passei pelos dois lados, mas neste momento estou "desactualizada"...ehehehe!!
Esse problema já existia no meu tempo e também me fazia confusão que os EE se desinteressassem completamente do que acontecia durante um ano inteiro e no final quando as notas estavam prestes a sair, apareciam todos(ou grande parte) para ameaçar os profs que se atrevessem a chumbar os seus anjinhos! Que raiva que isso me dava.
Agora no papel de EE...
Devo ser das poucas mães/EE deste país que pediu aos seus colegas, profs da filha mais nova que a retivessem no 7º ano. Porquê? Porque a menina teve uma crise de rebeldia, deixou-se seduzir por algumas colegas que a desafiavam a não ir às aulas mesmo estando na escola e conseguia apenas o indispensável para poder passar de ano. Ora eu que até tenho mau feitio quando me dá na real gana achei que a menina não tinha condições para avançar...se não tinha ido a metade das aulas e tinha negativa a algumas disciplinas embora apesar disso até pudesse transitar para o 8º eu não deixei. Repetiu o 7º ano e foi uma maravilha...nunca mais repetiu a graça, a partir daí andou na linha que foi um regalo.
Eu bem a avisei durante o ano...ela achou que eu não teria coragem de cumprir a ameaça...e depois percebeu que a mãe não era igual às outras mães porque também era professora e conhecia as duas realidades. Hoje agradece-me a atitude e eu nunca me arrependi de o ter feito.
Hoje os EE/papás acham que são melhores pais por darem sempre razão aos filhos e talvez um dia percebam que as coisas não são assim.
Eu Explico:
1º: Professor serve para ensinar.
2º: E.E. serva para educar, ou não.
Á resposta a essas perguntas deves ir a um psicólogo.
beijo
Pois eu não sou mãe, nem E.E...
Estas situações dão-me cá uma volta ao estômago... Fazer as vontades todas aos meninos, por em causa a palavra de um professor (qual é o professor que tem gosto em falar com um E E para dizer que o seu educando não está no seu melhor?! O que eu queria era poder dizer sempre bem, mas tal não me é possível...:( em prol de uma criança!!!!!
Não sei, não sou mãe...tenho muito medo de vir a falhar na educação do meu filho quando um dia for mãe...
Como não sei as respostas, vou passando por cá tb :)
beijinho
Parece que te tornas-te uma paciente no teu próprio consultório.
Acho que hoje em dia é sem dúvida uma profissão muito complicada, a agressividade de alguns professores no passado, desencadeou na violência e falta de educação dos alunos no presente com a agravante que atenção do E.E. reduziu.
Soluções para isto não existem. É esperar pela próxima geração que será com certeza melhor, pelo menos deverão ter pais mais conscientes.
bjs
...
batz:
Eu julgo que faço o melhor que posso. Pode ser insuficiente, mas faço. Tens toda a razão quando dizes que se trata de um problema global, que afecta todos os intervenientes do processo. Mas será que só nós é que nos devemos ralar com isso? É que as aulas ficam dadas na mesma...
beijo
Thunderlady:
Como cidadã preenches! Ai, ai!
beijo
dina:
Desconhecia que tivesses feito tal coisa. É preciso tê-los bem no sítio! E agora vê-se bem que deu os seus frutos, não é?
beijo
livreiro:
É já a seguir!
beijo
andreia videira:
tens toda a razão. Custa dizer certas coisas aos pais, mas eu estou a ganhar uma imunidade preocupante.
beijo
...:
Nem mais! E não há ninguém que dê maior descrédito à psicologia de treta do que eu!
O problema, é que uma geração é muito tempo, demasiado. Não podemos esperar tanto tempo. Que raio de sociedade teremos com estes miúdos?
Beijo
Eu não sou Prof nem sou ainda EE mas sou mãe e para já aquela coisa de passar à frente de toda a gente nada tem a ver com a escola, é pura e simplesmente uma questão de boa educação (que é da responsabilidade dos pais) mas se nem os pais a têm como podem passá-la aos filhos? e não é só o respeito pelos profs e pelos colegas que está em causa, é respeito pelas pessoas em geral...
O papel da escola/prof é acima de tudo ensinar porque a parte da "boa-educação" aprende-se em casa, vendo os outros (pais/irmãos) fazerem. Essa parte do pôr em causa a palavra do Prof. já é mais complicada, como sabes há bons e maus profissionais como aliás em todas as outras profissões e tudo depende de quão bem conhecemos os nossos filhos, podemos ter uma confiança total neles que nos leve a não duvidar quando eles fazem uma queixa do prof. mas obviamente que é uma coisa que tem que ser averiguada, ouvidas ambas as partes e etc...
A parte da atitude drástica é mais complicada,a violência assusta-me, não gosto de faltas de educação, etc...
Jokas
Então, como cidadã (talvez um dia mude de opinião, não sei): acho que todos os que lidam com a criança devem participar na educação. O professor não deve ser posto de lado em detrimento da criancinha. Mas cada pai sabe a peça que tem em casa (ou deveria saber).
Resumindo, pais e professores devem contribuir para o desenvolvimento e educação da criança ajudando a formar um cidadão capaz de se inserir e porsperar na sociedade. Devem ambos ensinar o que é cidadania, respeito, moral. Nem tudo é dever dos pais e nem tudo é dever dos professores. Em conjunto, e cada parte alertando a outra, é mais fácil.
(Será muito utópico?)
grrrrrrrrrrr.... há 3 semanas tive uma cena gira na aula... a C. recusou-se a trabalhar... Não disse porquê.. recusou-se a responder... Não sei se não entendeu, se não lhe apetecia, se estava doente ou o caracinhas.. Não falou... Simplesmente vai de desatar a berrar como se a estivesse a matar... tipo, chorar baba e banho... A professora da sala ao lado entrou e disse: outra vez? de manhã foi o mesmo... Não gostei... Berrei mais alto, disse-lhe para engolir o choro, e me explicar o que se passava, porque ninguém a estava a tratar mal para ela chorar... Parou de chorar.. Não respondeu.. não falou mais... Saí da aula com ela, fomos falar com a EE... Assim que viu a mamã, vai de lançar berro ainda maior que na sala de aula... Quando olhei choravam as duas... mãe e filha... A senhora lá me explicou que há um mês que a menina andava assim... de tempos a tempos recusava-se a algo e chorava... Então fez-se luz... Depois de alguma conversa percebi que os tempos a tempos era na altura de comer a sopa, de arrumar o quarto, de fazer os trabalhos e outras tarefas afins...
Não me gozem.. porque a miúda é preguiçosa e não quer trabalhar tem que ir ao psicólogo? assim até eu vou fazer birras, a ver se me fazem as vontadinhas todas... Na minha aula não voltou a chorar e trabalha... só tenho que dizer para engolir o choro que na minha sala ninguém chora... Ou seja... só tenho que a contrariar um bocadinho! Desculpa ter-me esticado, mas sim, estes casos deixam-me furiosa...
beijos
Vim ver as respostas.
Acho que é mais complicado do que pensamos.
A prioridade está em ver a Educação como uma via para o futuro, enquanto isso não acontecer teremos governos piores que os que lá estão, percebes?
Eu também tento fazer o que posso, e acredita já vou sendo das poucas que ainda me reocupo com aquilo, o resto já desisitiu.
beijos
Muito pertinente.
Ainda não li os outros comments aqui acima, espero não me ir repetir.
Ora bem, como sabem alguns , eu tenho dois pirralhos pequenos ,um com quase 4 e outro com quase 6 ( lá para 2008 deixa de ser quase).Têm as suas birras, as suas quezílias, e sobretudo, uma personalidade muito forte ( saem á mãe!), mas sabem perfeitamente quais são os seus limites, embora muitas vezes, e como crianças que são, os tentem ultrapassar.
é evidente que, nos dias de hoje, é muito complicado gerir uma relação pais-filhos, e embora a maioria de vós esteja a pensar que eu sou doida, não é bem assim.
Vou dar-te o meu exemplo, que é muito simples para que entendas o que se passou ontem com o teu aluno, e que responderá, eventualmente, á tua pergunta.
Trabalho de sol a sol.
O meu gaijo trabalha de sol a sol.
A única pessoa chegada que tenho da família -e que seria a mais lógica para dar um certo acompanhamento aos meus rebentos, seria a avó materna.Ora bem, a minha mãe,confesso, nunca eteve para aí muito virada para os netos.Não quero dizer com isto que não os adore, mas é lá á maneira dela, e a maneira dela não inclui passar lá muito tempo com eles.
Bom, isto para chegar onde?
O resultado disto, e penso que da maior parte dos pais,é que as crianças, quer eu queira muito, quer não, passam, semanalmente, mais tempo com a ou as educadoras e auxiliares do que comigo...
Eu é aquela história de qualquer mulher que trabalha, de que nem vou falar, por já ser tão batida...se eu contabilizar o tempo que passo com os meus filhos, não são mais do que 2 a 3 horas diárias...o que me deixa sempre com a sensação de amargo na boca... e estão na escola aquilo que eu considero ( e as educadoras e/ ou professores) demasiado tempo.
O que é certo é que acabam por ser elas a fazerem aquele que deveria ser o papel da mãe e do pai durante o dia, durante toda a semana...
é lógico que, quando estou com eles , e do pouco tempo que estou com eles, lhes tento incutir a minha educação, mas ás vezes tenho que levar com o inevitável, AH, mãe, mas a "Marta", não faz assim,Ah , mãe mas a "Inês" costuma fazer assado...
o que é perfeitamnete legítimo da parte deles, embora a mim me atinjka que nem facas.
Mas o importantre aqui, é realçar que o papel do E.E. deve ser sempre o de educador, deve ser aquele que tem que transmitir ´´a criança que é o pai ou a mãe que tem que tomar as rédeas, não sei se me faço entender: ou seja, a partir do momento, em que o E.E cai no erro de deixar que esse papel seja definitivamente assumido pelo professor, a criança fica completamente baralhada e não sabe em quem tem que, ou se pode, salvaguardar.
Quando isto sucede, a criança acaba por se isolar de alguma forma, e não acatar ordens de nehum dos lados.
Eu tento sempre contrabalançar as coisas, e sei que é muito complicado.No entanto, e apesar do pouco tempo que passo com eles, eles conseguem perceber que não estou com eles mais tempo porque não posso e que as educadoras os protegem durante a minha ausência.
E que os vão educando , enquanto eu trabalho...
Tenho sorte, no aspecto em ter tido sempre excelentes profissionais com eles,que também lhes sabem explicar isto de que falo...tenho sorte em ter 2 filhos que, apesar da pouca idade conseguem discernir as coisas ... e tenho sorte em ainda conseguir manter alguma sanidade mental que não me deixa passar o meu papel de mãe totalmente para as e volto a repetir, excelentes profissionais que lhes têm calhado...
Por, LindaMaria , quando essa mãe reagiu a ssim, é porque se está nas tintas para a educação do filho.E o filho já está tão confuso que não sabe a quem responder, como sendo o E.E. e Tu ficas revoltada e furiosa, porque não entendes porquê é que os pais deixam as crianças tanto tempo nas escola, Atls, whatever, as ainda ficas mais furiosa quando te apercebes que pior que isso, é a desmotivação, o desinteresse que depois passa a existir entre pai-filho.Foi isso que viste ontem , vindo de ambos os lados: ela ,desinteressada, porque sabe que ele já não lhe obedece, mas também nada faz para mudar isso; ele magoado e desmotivado, por sentir que ,mais uma vez, o mentor da sua segurança não foi a mãe. pilar essencial a qualquer criança- mas sim a professora...
É triste e revoltante.
Mas, e onde leccionas e dadas as condições de vida, económicas ou outras, vais deparar-te muitas mais vezes com situações destas.
Infelizmente...
A culpa é da falta de tempo, ou a desculpa, que passamos com aqs nossas crianças.
Enchemos as crianças de bens materiais dos quais elas não têm qualquer necessidade, isto tudo para minimizar a culpa que sentimospor andar a 1000, por ter uma carreira para gerir, porque tmos medo de falhas, porque somos demasiado exigêntes e porque ainda temos na nossa mente a imagem da nossa mãe ou avó que esteve sempre em casa a tomar conta de nós.
Eu sou mãe e acho que sou educadora, portanto, para mim, a escola é apenas para ensinar e ponto final.
(bem... e para me guardar a miúda quando eu tenho mesmo, mesmo, que trabalhar)
;)
Acredito piamente que o apagamento de cigarros em crianças indisciplinadas pode ser a solução.
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