segunda-feira, 4 de junho de 2007

O que faz falta é animar a malta

O sociedade civil de hoje debruça-se sobre a questão da desconfiança que os portugueses nutrem para com algumas profissões. Segundo as Selecções do Reader's Digest as profissões que nos merecem maior confiança são os pilotos de aviação e os bombeiros. Ou seja, depositamos a nossa confiança em duas profissões com as quais não lidamos diariamente, pelo menos à partida.

De acordo com a sondagem, a profissão que aparece a seguir no podium é a minha. Fiquei tão contente... será que ao menos, estatisticamente , um professor ainda consegue ter alguma dignidade? Parece que sim!


Ena...então, neste caso, não compreendo porque é que os professores de determinadas escolas levam na tromba se tiverem o azar de chamar um aluno à atenção...é que, se calhar, se o fizeram foi porque consideraram necessário fazê-lo. Ou talvez seja porque a profissão de pai/mãe passou a ser exercida em part-time, obrigando o professor a fazer turnos-duplos.


A grande celeuma que assola a minha escola esta semana é a Festa de Encerramento da Actividade Lectiva, ou, o que vai dar ao mesmo, Festarola para os paizinhos verem os filhinhos armados em meninos de coro...


A festa vai decorrer à noite para que os pais possam estar presentes, as actividades serão as de sempre , por forma a não defraudar as expectativas dos pais e o objectivo é mostrar aos pais que apesar os filhos serem uns autênticos demónios quando a ideia é armar banzé propositadamente e com autorização eles estão sempre prontos!


Não sei se mencionei que os pais estão já à espera da Festarola e ai de quem não organizar uma actividade bem catita para o sr.tal usar a câmara digital ... é que os alunos podem até reprovar, mas a macacada de final de ano tem de ser bem esgalhada, para que o sr.tal não fique mal visto perante os seus conterrâneos...


Resta acrescentar que são estes os mesmos pais que se escapulem às reuniões por falta de tempo, são estes os mesmos pais que sacodem a água do capote a cada recado sobre as faltas de educação do filho...


Apetece-me fazer sabem o quê? Recriar uma aula para ilustrar, convenientemente, o que foi o ano lectivo. Será que assim eles percebiam? Cheira-me que não.



16 comentários:

Peste disse...

isto vem mesmo ao encontro do q eu costumo dizer... tuga gosta é de festa e desgraça.

agora... se for para levar nas orelhas... o melhor é nem ir lá mostrar o rabo...

beijocas

e parabéns pelos prémios

maria cunha disse...

parabéns pela medalha de bronze...
eu gostava de saber qual é o lugar da minha profissão no ranking, mas primeiro vou ali ver se descubro qual é a minha profissão...


beijo

Teresa disse...

Mariazinha,
Sim, posso usar diminutivo, que podia ser tua mãe... (uma mãe muito novinha, é certo, tinha 14 anos quando saiu esta horrível música de um senhor que nos tinha habituado a coisas lindas...):

Eu cresci num tempo em que os pais se chamavam encarregados de educação e quase não tinham contactos com a escola ou o liceu, a não ser em casos de grossa asneira. Como eu era aluna de "quadro de honra" - não sabes o que era, cada liceu publicava todos os períodos o seu nos jornais: os nomes dos melhores alunos, divididos por anos, os de média acima de 14 - e uma média de 14 no Liceu de Camões equivalia calmamente a uma média de 16 em qualquer outro liceu, até no Pedro Nunes, o nosso arqui-rival. E ainda há seis meses, numa homenagem que foi feita aos nossos queridos Professores (sempre com maiúscul) eles reconheceram que eram uns sovinas do pior nas notas. Tive a alegria de reencontrar as minhas professoras de Inglês e História de 7.º ano (actaul 11.º), tenho falado imenso ao telefone com a minha querida Dr.ª Maria Helena, professora de Português de 4.º e 5.º, Respeito imensamente o teu trabalho, não dessitas. Haverá sempre alunos dignos do esforço. Aqueles que daqui a 30 anos se lembrarem de ti... Vai ver o pos de 26 de Ourtubro do meu blogue do Liceu... e lê os comentários.

Só há uma coisa que não sei: que cadeira (ou cadeiras) leccionas?

Um beijo.

Tive professores que me marcaram para a vida inteira

Stôra disse...

Deliciei-me ao ler o teu post! Só dizes "verdades verdadeiras"! E quem diz a verdade, não merece castigo!!!
Para festas há sempre tempo; para educar os filhos, já são os mais atarefados de todos os pais!
*Beijinhos*

Maria do Consultório disse...

Peste:

Mas vão estar lá todinhos...e depois é ver as criaturas sossegadinhas ao lado dos papás. Porque já se sabe que, se se esticam mais que o metro em frente aos pais alheios, apanham logo uma chapadona!É a educação de hoje.

Beijo

Maria do Consultório disse...

Maria:

Medo...aquela história dos planos de emergência, de facto, deixou-me na dúvida...
Haja alguém que valorize este martírio em que se tornou o dia-a-dia de um professor. Infelizmente.

Maria do Consultório disse...

Teresinha:
ehehehhe

Sou miss Maria!Ensino Inglês.
É frustrante tentar ensinar coisas interessantes e perceber uma enorme indiferença nos olhos da grande maioria. Dá vontade de desistir de tudo. Felizmente, no cômputo geral do ano que agora finda, consigo nomear uma dezena deles que, de certeza, aproveitarão aquilo que lhes tento ensinar. Uma dezena em 120...

Maria do Consultório disse...

Stôra:

Ainda bem que partilhas da minha opinião.Às vezes fico a pensar que me tornei uma professora " de gancho", daquelas que os miúdos vão lembrar pela rigidez...mas não há maneira de impor alguma disciplina sendo a amiguinha do pessoal. É pena.
Apercebo-me daquilo que lhes exijo quando deixo escapar uma gargalhada. Ficam pasmados...e aproveitam logo para armar chinfrim.Ai, ai!

Beijo

Rita disse...

Pois é, no meu tempo levávamos umas belas réguadas qunado não sabiamos a lição ou quando nos portavamos mal (isto na primária) e não foi por isso que fiquei traumatizada ou que aprendi menos, antes pelo contrário ainda gostava que as minhas filhas fossem para a minha escola (agora já não há réguadas). Nunca sequer disse à minha mãe só uma vez me descai porque achei que a prof. tinha sido injusta, de resto achavamos a coisa normal. Agora os meninos coitadinhos nem podem ser chamados à atenção. Eu também não gostaria que andassem a bater nas minhas filhas mas se elas precisarem de um puxão de orelhas de vez em quando...

Teresa disse...

Mas esses 10 they make all the difference. Como me disse a minha querida Dr.ª Teresa Monteiro quando a reencontrei no Liceu há seis meses, na homenagem aos professores. Comoveu-me imensamente que ela se lembrasse de mim (passaram-lhe milhares pelas mãos, numa vida de ensino), que até se lembrasse de que eu era a taradinha dos Beatles e o meu namorado o taradinho dos Rolling Stones...I. Tenho uma dívida de gratidão eterna para com ela, que me ensinou Inglês quando tinha 16 anos. Vê o post da Gota de 16 de Outubro passado. Na época nem me lembrava do apelido dela, só sabia o muito que lhe devia. Hoje vamos falando pelo telefone, não quero voltar a perder contacto com esta extraordinária senhora.

Aposto que daqui a 30 anos haverá alunos que te evocam como eu evoco a minha Dr.ª Maria Teresa... que agora sei que é Monteiro de apelido.

Um beijo.

Maria do Consultório disse...

Rita:

Há momentos que nos levam ao total desespero. Ver putos que mal têm cara para levar uma chapada a chamarem nomes às auxiliares ( e aos professores...)e a desobedecerem aos pais...fico doente. A minha educação não foi melhor que a dos outros. Os meus pais são pessoas simples, mas que souberam, de forma que eu considero exemplar, formar o meu carácter. Não sou a pessoa mais educada à face da terra mas possuo valores que hoje em dia são uma raridade. E não devia ser assim. Quanto a mim, a humildade, as boas-maneiras, a simplicidade e a tolerância deviam continuar a ser pilares fundamentais nos dias que correm.
Só não percebo porque é que os filhos, cujos pais pertencem à minha geração posam ser assim. Fico apreensiva quanto ao futuro, e no que à educação dos meus filhos diz respeito.

Beijo

Maria do Consultório disse...

Teresa:

Espero que sim.
Hoje passarei por lá para ler o tal post.

Beijo

Dina disse...

Quando é que os pais deste país aprendem a não sempre razão ao seu filhinho??? Quando é que aprendem a respeitar os professores??
Que raio de adultos vamos nós ter daqui por uns anos???
Será que não há ninguém que possa dar uns valentes tabefes aos pais para ver se aprendem a educar os filhos como deve ser??
É isto não anda fácil...

Maria do Consultório disse...

Dina:

Mas, se pertencem à minha geração, por que raio é que são tão permissivos e aparvalhados? Ai os traumas, ai a hiperactividade, ai o caraças!
Se eu fosse tirar o curso agora mandava aqueles pedagogos todos irem dar uma volta...à realidade.

Beijo

SBFR disse...

e depois há os pais que chegam à escola e dizem assim à profesora: "eu não sei o que se passa mas a minha filha não se sabe sentar quieta á mesa à hora da refeição, vocês não a ensinam a sentar-se à mesa?"... escusado será dizer que a senhora nem levou resposta nenhuma.. porque a haver resposta.. tenho a certeza absoluta que ela não ia gostar.. desculpa lá a invasão, mas gostei do espaço, parabéns.

* Bellatrix *

Maria do Consultório disse...

Bellatrix:

Sente-te em tua casa!
Se estás no mesmo barco mereces toda a consideração.
Se não estivesses também, mas pronto!
Mas olha que essa história tinha dado batatada na minha escola...