e ao domingo ...não falta à missa!
Ontem, estava eu no Modelo, na zona do pão, e assisti a um dos momentos mais tristes da minha vida. No corredor para onde me encaminhava estava um senhor de meia-idade a ler um rótulo e, lá mais para o fundo, uma senhora numa cadeira de rodas, daquelas eléctricas.
Depois de me abastecer de latas de comida para o meu gato (ser sinistro que, sobre o qual, mais adiante me debruçarei), virei costas e saí do corredor para o corredor paralelo. A dada altura ouvi uma voz feminina balbuciar qualquer coisa. Não liguei e continuei a analisar a lista de compras. Voltei a ouvir a voz, mas, desta vez, percebi mais nitidamente um “se faz favor” um pouco arrastado e aflito (ou aflitivo). Lembrei-me então da tal cliente do outro coredor e fui até lá perceber o que se passava. E pronto, dei de caras com um valente estupor que estava a fugir, literalmente, da dita senhora enquanto ela lhe pedia “se faz favor”… ora, vim então a perceber que a senhora estava a pedir ao dito charolês que lhe alcançasse uma embalagem de uma prateleira de cima à qual, obviamente, não chegava, visto sofrer de uma doença que apenas lhe permite respirar e mover 2 dedos das mãos e um pé. Tendo em conta que não consegue expressar-se de forma normal, dadas as dificuldades a nível respiratório, o “senhor” não se deu ao trabalho de perceber o que lhe estava a ser pedido, respondendo “ não tenho trocos…”
Exacto, o homem julgou que a “desgraçadinha” LHE ESTAVA A PEDIR ESMOLA! Grande cérebro.
Para terminar, alonguei-me na conversa com a senhora (à qual preservo a identidade), primeiro porque tinha dificuldade em percebê-la e segundo, porque as pessoas portadoras de deficiência motora não são de forma alguma diferentes. Mas, sabem que mais, a história tem de facto um final feliz, a nossa heroína, dirigiu-se então ao senhor em causa, mais ao menos na zona dos queijos e afins e mandou-o levar na anilha e chamou-lhe tudo menos pai.
Não apetece rogar uma praga ao gajo e fazê-lo passar pelo que aquela senhora passa diariamente, nem que fosse por um dia apenas? Claro que apetece.
4 comentários:
Acredita que até a mim me custa ouvir esse triste episódio..a vontade era de atirar uma lata de comida do bichano á pinha desse estupor...francamente como é possível passarmos por estas pessoas e lhes negarmos uma ajuda...!Tristezaaaaa...! Cat
Tal tu,eu(nós)conhecemos um caso identico em que se passa a mesma coisa...fogem dela como se tivesse uma doença.
Mas é as pessoas que temos...
Beijos Carlos
sem duvida ha pessoas muito parvas...
nem tenho palavras para exprimir a minha revolta...
parabens por mais um post excelente
obrigada RC... e eskisito por me terem recomendado a leitura de posts anteriores à minha "chegada" a este blog...
beijo
Enviar um comentário