segunda-feira, 9 de abril de 2007

Ainda sobre a ida a Elvas...

Ora bem, embora não seja a maior defensora de Elvas, tenho a plena certeza que esta cidade tem muito a oferecer àqueles que cá habitam e àqueles que por cá passam. Tudo bem, por algum motivo não continuo a viver em Elvas. É um facto. Mas, no momento em que deixei a minha cidade via-a de uma forma bastante diferente. Agora, à distância de uns anos, consigo perceber esta terra de uma forma mais justa, valorizando aquilo que há efectivamente a valorizar.
Posto isto, tenho também que admitir que faço sempre a obrigatória passagem por Badajoz…aquela ida ao estrangeiro um tanto ou quanto azeiteira, mas que está inculcada em nós elvenses. Lá está, ouve sempre aquele hiperbolizar das qualidades referentes ao “nuestros hermanos” (já cá faltava a expressão cliché). Desde o modus vivendi dos espanhóis em geral às características físicas das espanholas em particular; já para não mencionar a velha questão das diferencias óbvias no que diz respeito ao nível de vida…
Enfim, quero com isto dizer que Elvas não se compara a Badajoz, porque não há comparação possível. Apesar de ambas as cidades estarem nas províncias mais pobres dos dois países, Badajoz é uma cidade mediana de Espanha, enquanto que Elvas é a cidade império Rondão de Almeida. Portanto, em Badajoz podem não ter o Coliseu, mas têm emprego. Desvarios de imperador.
Politiquices à parte, Elvas é uma cidade que tem vindo a crescer aos olhos dos elvenses: a cidade está cada vez mais bonita, mais apelativa e cada vez mais se nota que as pessoas começam a nutrir orgulho pela sua terra. Até mesmo eu, que nunca fui grande defensora, gosto mais da minha cidade agora que só cá volto de quando em vez.
Ora bem, o que quero com este post não é de todo enaltecer apenas as potencialidades desta cidade raiana…não…o quero é evidenciar a burrice dos espanhóis. Como disse há um post atrás, fui passar a Páscoa a Elvas e, evidentemente, fui dar umas voltas pela cidade (à procura de novas placas Rondão de Almeida).
Estava eu e o meu respectivo a tirar umas fotos à Sé e ao relógio da praça, quando fomos, literalmente, rodeados por um grupo de espanhóis em plena viagem turística, acompanhados pela guia. Com dez bancos existentes na praça, o belo grupo de espanhóis resolveu ficar exactamente a um palmo e meio do meu nariz…always look on the bright side of life, pensei eu. Pode ser que venha a aprender alguma coisa de útil com a visita guiada.
Portanto cá vai: a guia era de facto uma sumidade no assunto, dominado totalmente a história e idiossincrasia locais e cito (traduzindo simultaneamente): “Estamos aqui na praça de Elvas, o local que, enfim, comparado com Alfama, não tem nada a ver…”. AHHHH, a excelente lufada de burrice ao som de castanholas. Portanto, estamos conversados. Elvas até é uma cidade engraçadita, mas, temos que estabelecer um termo de comparação razoável…ALFAMA?
Adiante. (Adiante o caraças, só me apeteceu mandá-la passear, sussurrando…porque à distância a que nos encontrávamos era possível). Mas, aquela fonte de sapiência não se esgota. A amiga saiu-se com uma tirada ainda melhor que a anterior. Desta feita, resolveu elucidar os turistas relativamente ao local: “Aqui à frente encontra-se a Câmara Municipal…que…foi pintada e assim”.
Lá está, é por isso que as visitas guiadas são tão úteis. Porque os senhores guias conseguem ler as placas e identificar se uma fachada branca foi pintada de…deixa ver…BRANCO.
De seguida, chegou a uma conclusão sobre o comércio tradicional local: “Não se admirem se encontrarem as lojas fechadas, mas também não constituirá uma grande perda, porque quando se vê uma não se precisa de ver o resto, é tudo igual”. A verdadeira profissional na arte da aferição do óbvio.
Sim, em tempos, Elvas viveu do afluxo dos espanhóis ao nosso comércio, para a satisfação de uma necessidade básica: aquisição de toalhas de banho em doses maciças. Neste momento, feliz ou infelizmente isso já não acontece. Tornámo-nos um filho um pouco menos pródigo, talvez. E quanto ao comércio estar aberto no Domingo de Páscoa, nem sequer me vou alongar.
Conclusão: não gostam, não comam. Eu gosto, e faço a apologia da maneira que eu quiser, as vezes que eu quiser no meu blog. E escrevo em letras garrafais: EU GOSTO DO MEU ALENTEJO. E FALO ALENTEJANO E DIGO CAFÉI E LÊTE, COM MUITO ORGULHO POR AQUILO QUE SOU.
(para quem não percebeu, as últimas duas frases dirigem-se especificamente ao senhor anónimo que come borrego. Ah valente)

3 comentários:

Anónimo disse...

Oh chavala!!!
O anónimo que come borrego até tem mau gosto...O CABRITO é melhor.
Mas...esse só se come do Tejo para
cima.
No Alentejo o bom são as sopas.Isso
por causa das ervinhas que vocês lhe metem.

Maria do Consultório disse...

ó anónimo, se calhar devias editar um livro de culinária...assim, todos nós, comuns mortais, poderíamos beber dessa fonte inesgotável de sabedoria.Fico à espera.Mas não te esqueças de assinar.

Dina disse...

De onde era essa fabulosa guia?? Quantas vezes teria estado em Elvas? Qunatas vezes tinha visitado os monumentos dos quais tinha que falar?
Ela é apenas o reflexo duma realidade que poucos querem ver...que mal tratamos aquilo que deveríamos valorizar. Ou começamos a apostar a sério no turismo de qualidade ou é mais um comboio que vai passar por nós sem parar.
(Será que na autarquia elvense ainda não perceberam isso??)